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2012 - Livro Vermelho 2013

Senaea janeirensis Brade EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 12-03-2012

Criterio: B1ab(i,ii,iii)+2ab(i,ii,iii)

Avaliador: Tainan Messina

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG: Marcelo

Especialista(s):


Justificativa

Senaea janeirensis é considerada rara, endêmica das áreas montanhosas dos Estados do Rio de Janeiro e, possivelmente, Espírito Santo. Apresenta EOO e AOO restritos (EOO=403,83 km²; AOO=8 km²), e está sujeita a menos de cinco situações de ameaça. Os Campos de Altitude da Mata Atlântica, local onde ocorre S. janeirensis, sofrem com as atividades antrópicas realizadas em seu entorno e interior. Além disso, a presença do fogo nas regiões de coleta da espécie é constante. Portanto, há declínio na sua EOO, AOO e na qualidade do hábitat. Recomendam-se estudos populacionais e monitoramento das subpopulações coletadas.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Senaea janeirensis Brade;

Família: Gentianaceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita por A.C. Brade em 1932 (Arquivos do Mus. Nac. 118). Assemelha-se a S. coerulea, mas com distinções marcantes em relação a forma do tubo da corola e os dentes uniformes do cálice, com glândulas marginais e ovário oval (Brade, 1932). Caracterizada por possuir folhas carnosas, flores com cálice membranáceo, verde-arroxeado, e corola azulada (Calió et al., 2008).

Dados populacionais

Espécie com frequência de ocorrência considerada rara/escassa, de acordo com critérios utilizados na avaliação de risco de extinção da flora brasileira empreendida pela Fundação Biodiversitas (Biodiversitas, 2005). Era conhecida por somente 5 coletas realizadas na região da Serra do Desengano até 2009, sendo todas realizadas entre 1932 e 1986 (Calió; Guimarães, 2009), até Calió (Unpl. data) coletar uma população no Estado do Espirito Santo.

Distribuição

Ocorre exclusivamente em áreas montanhosas dos Estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo (Calió In Lista de Espécies da Flora do Brasil; Forzza et al., 2011). Ocorre entre 1500 e 1600 m de altitude (P.E. do Desengano) (Calió et al., 2008). Conhecida por somente 5 coletas realizadas na região da Serra do Desengano, RJ, até 2009, sendo todas realizadas entre 1932 e 1986, a espécie foi recentemente coletada no estado do Espirito Santo (Calió, 2012). Ficou mais de 50 anos sem ser encontrada na natureza (Guimarães, com. pessoal).

Ecologia

Planta arbustiva a pequena arvoreta, rupícola ou saxícola; heliófita; ocorre em Campos de Altitude e afloramentos rochosos em áreas altas (Calió et al., 2008; Saavedra et al., 2009; Calió, 2011). Encontrada com flores em março, novembro e dezembro (Calió et al., 2008).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Incidência national
Severidade very high
Detalhes Os Campos de Altitude da Mata Atlântica, local onde ocorre S. janeirensis, sofrem com as atividades antrópicas realizadas em seu entorno e interior. A sensibilidade dos solos, rasos, facilita que processos erosivos entrem em curso; a remoção da vegetação tampão no entorno facilita a invasão de espécies exóticas invasoras com alto poder competitivo, que uma vez instaladas, competem diretamente por recursos com a flora nativa; intensos e frequentes incêndios incidem sobre os Campos de Altitude; atividades extrativistas impactam diretamente populações de plantas endêmicas e raras; a mineração de granito-gnaisse e arenito alteram irremediavelmente o substrato; a crescente expansão urbana para áreas de encosta suprime ainda mais esses ambientes e o desenvolvimento de técnicas agrícolas modernas tem permitido o desenvolvimento do que é chamado "agricultura de altitude" (p. ex. o cultivo de café no estado do Espirito Santo, que tem atingido cotas de até 1200 m); instalação de torres de transmissão de energia e telecomunicações, destruindo extensas faixas de áreas montanhosas naturais; e aliada a isso, a flora dessas regiões apresenta uma alta vulnerabilidade às mudanças climáticas em curso (Martinelli, 2007).

Ações de conservação

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: A espécie consta no Anexo II da Instrução Normativa nº 6, de 23 de outubro de 2008 (MMA, 2008), sendo considerada Deficiente de Dados (DD). Calió, Pirani ; Struwe (2008) categorizaram S. janeirensis como Criticamente em Perigo (CR) sob os critérios A4b; B1ab(i,ii)+2ab(i,ii).

3.2 Population numbers and range
Situação: needed
Observações: A espécie é pouquíssimo coletada em sua localidade-tipo. A coleta recente realizada no Estado do Espirito Santo altera de maneira significativa seu padrão de distribuição, portanto, se faz necessário um esforço para se estimar de maneira mais precisa sua Extensão de Ocorrência e tendências populacionais (Guimarães, com. pessoal).

4.4.1 Identification of new protected areas
Situação: needed
Observações: Apesar de ocorrer quase exclusivamente dentro dos limites do Parque Estadual do Desengano (RJ), a espécie teve novas populações identificadas no estado do Espirito Santo que não se encontram protegidas por nenhuma categoria de unidade de conservação.

Referências

- CALÍO, M.F.; PIRANI, J.R.; STRUWE, L. Morphology-based phylogeny and revision of Prepusa and Senaea (Gentianaceae: Helieae) ? rare endemics from eastern Brazil. Kew Bulletin, v. 63, p. 169-191, 2008.

- GUIMARÃES, E.F.; CALIÓ, M.F.; SAAVEDRA, M.M. Gentianaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000117)>. Acesso em: 02/03/2012.

- STRUWE, L. ET AL. Spatial evolutionary and ecological vicariance analysis (SEEVA), a novel approach to biogeography and speciation research, with an example from Brazilian Gentianaceae. Journal of Biogeography, 2011.

- CALIÓ, M.F.; GUIMARÃES, E.F. Gentianaceae. Belo Horizonte, MG: Conservação Internacional, 2009. 185-186 p.

- SAAVEDRA, M.M.; FRAGA, C.N.; GUIMARÃES, E.FSTEHMANN, J.R. ET AL. Gentianaceae. 2009.

- BRADE, A.C. Espécies novas de plantas do estado do Rio de Janeiro. Arquivos do Museu Nacional, v. 34, 1932.

- STRUWE, L. ET AL. Evolutionary patterns in neotropical Helieae (Gentianaceae): evidencefrom morphology, chloroplast and nuclear DNA sequences. Taxon, v. 58, n. 2, p. 479-499, 2009.

- MARIA FERNANDA CALIÓ. Sistemática de Heliae Gilg (Gentianaceae). Tese de Doutorado. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo, 2009.

- GUIMARÃES, E.F. Comunicação da especialista Elsie F. Guimarães, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro(RJ), para o analista Eduardo Fernandez, pesquisador do CNCFlora, 2012.

- MARTINELLI, G. Mountain Biodiversity in Brazil. Revista Brasileira de Botânica, v. 30, n. 4, p. 587-597, 2007.

Como citar

CNCFlora. Senaea janeirensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Senaea janeirensis>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 12/03/2012 - 14:36:41